Ok, tenho de reestabelecer definições. Não é que eu não goste de política. Não gosto é da forma como ela é praticada.
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Fica aqui uma nota para quem pensa que os corninhos de Manuel Pinho e o 'Vai-te foder!' do outro deputado de que não me lembro o nome foram um choque para a política.
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Não peço muito. Só que dêm uma pequenina atenção ao debate quinzenal da Assembleia da República. Para quem não sabe, passa em directo na RTP2 e está neste momento a dar (desculpem a publicidade). Portanto, para quem não for a tempo, o próximo é daqui a 15 dias, mais precisamente dia 24 de Fevereiro. Não tenham pressa, dá durante algumas horas. Mas 5 minutos são suficientes para perceber que isto é um autêntico circo.
Ora vamos lá fazer uma revisãozinha de Filosofia. Falácias ou argumentos falaciosos. São basicamente argumentos que não argumentam nada, simplesmente distraem do objectivo principal do discurso. Um muito comum é o ataque pessoal, que serve para, tal como o nome indica, atacar a pessoa que argumenta e não os seus argumentos. E estes deputados passam a vida nisso. É a líder social-democrata e da oposição 'Manela' Ferreira Leite a atacar o Sr. Primeiro Ministro José Sócrates. É o Sr. Primeiro Ministro a atacar a 'Manela'. E por aí fora, não são só eles. É uma alegria.
Mas não acaba por aqui. Esta gente vai para lá ler os discursos. Isto na escola dá direito a uma penalização na nota da apresentação. O que vale é que eles já estão formados (penso eu).
Mas se pensam que isto os incomoda, estão muito enganados! É que, no final de cada número, e lembram-se que há aqueles que fazem figura de palhaço (e não minha gente, não estou a insultar ninguém, não vou descer ao nível deles), humilhando o seu ou seus interlocutores e fazendo rir os caros compinchas partidários (que é este o trabalho do palhaço), e há também os ilusionistas ou mágicos, que fazem uns incríveis números de magia, que deixariam qualquer pessoa sem dois dedos de testa estupefacta. É que eles conseguem mesmo dar desculpas inteligentes para os erros, de tal forma, que aquilo quase deixa de parecer um erro!
Pois é, e como no circo, há palmas e gargalhadas, aqui também não as podiam faltar. E ao fim de cada número, não, peço desculpa, não é só no fim, pelo meio também, o público que não é atacado, ou seja, aqueles que defendem o mesmo ponto de vista, riem e batem palminhas. E batem paminhas como quem diz 'Sim, nós é que temos razão. 1-0 para nós!', como se cada intervenção fosse uma vitória. E é aqui que surge a questão da linguagem... Vamos lá ver, já toda a gente usou vocabulário menos próprio, mas também há que ter atenção ao local e ambiente onde nos encontrámos, mas o Parlamento é o Parlamento... Pois enquanto está um deputado a mandar as suas boquinhas que atingem fortemente os interlocutores, estão os colegas do lado a chegar-se ao microfone para dizer 'Muito Bem!' 'Toma!' 'Responde agora!' 'Exactamente!', etc, etc, etc.
Porquê esta minha revolta? Bem, acho que é óbvio que esta gente fala de Economia, Saúde, Emprego (ou Desemprego), e sei lá mais o quê como se tivessem no Circo, esse sim, um espaço digno de ´dar boa disposição ao público e intervenientes, pois é esse o seu objectivo.
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Sim, aqueles casos iniciais foram a gota da água, mas isso não faz do Parlamento o Paraíso com 2 pecadores.
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