quinta-feira, outubro 27, 2011
domingo, outubro 23, 2011
O mundo somos
Só para dizer que o mundo veio
E teve tempo de ter receio,
Somos mais,
Somos todos nós,
Nós somos todos,
Todos iguais.
(escrito ao som de "Deixa-me Ser", dos PAUS)
quinta-feira, outubro 20, 2011
A praxe que eu vivo e aprendo
Concordo contigo e respeito de todo qualquer dos lados da coisa. Contudo também tenho algumas coisas a dizer, não para fincar pé sobre a minha posição (sabes bem que não sou dessas coisas), mas para poderes ver porque razão traço a capa para ir à praxe, tantas noites quantas as que me são possíveis.
Em primeiro lugar, sabes que até ao dia que entrei na faculdade não tinha disposição absolutamente nenhuma para ir à praxe. Ouvi demasiadas histórias (mantenho a minha dose de questionamento em relação à maioria, tanto para o bem como para o mal), vi demasiadas coisas. No entanto, no dia em que me fui matricular e me deparei com praxistas, dirigiram-se a mim em tom perfeitamente respeitoso e delicado, oferecendo-me toda a ajuda possível antes sequer de virarem a conversa para o que na verdade lhes interessava. "Primeiro as necessidades do possível futuro caloiro.", foi o que mais tarde me ensinaram. Não fui portanto praxada, não me mandaram pôr de quatro, olhar para o chão, não rir, etc. Falaram para mim de igual para igual, embora, devo dizer, o traje imponha sempre um pouco de respeito, porque não sabia o que poderia acontecer a seguir. Além disso, a minha praxe começou por uma sessão de esclarecimento (coisa que ou é rara ou inexistente na maior parte das casas praxistas de qualquer academia), onde se esforçaram para nos mostrar que a praxe poderia ter algo a ensinar-nos. Deixei-me ficar. Não porque estava convicta de que gostava, mas porque tinha curiosidade sobre aquele discurso vago. Também tenho limites. E te garanto que se alguma vez tivessem sido ultrapassados, teria vindo embora sem sequer pensar duas vezes. Também soube dizer não. Porque acima de tudo, se estás ali porque queres, tens de poder negar-te a fazer alguma coisa, desde que a justificação para tal seja plausível. E eu neguei-me a fazer algo que me mandaram e a pessoa que me mandou fazer acabou por admitir, perante a minha justificação, que eu tinha razão. Porque para ser bom praxista, também é preciso saber quando o outro lado tem razão. E para ser bem praxado é preciso saber levantar a voz e porquê.
Em segundo lugar, praxe não é, na minha opinião e segundo a praxe que vivi, integração coisa nenhuma. Praxe é prática, é vivência, é aprendizagem. Essa coisa de fazer amigos é a maior treta que já ouvi e continuo a ouvir. Não preciso, nunca precisei nem nunca precisarei da praxe para fazer amigos. Mas também confesso que fiz grandes amigos devido a coisas que vivi em praxe e talvez as pessoas que conheci na faculdade que mais têm importância para mim pertençam à praxe. Coincidência? Talvez não. E não me admira: já vivi muita coisa em praxe que seria um pouco difícil de viver fora de praxe. Aliás, o discurso da praxe que eu vivo passa por "A praxe não é para fazer amigos, quem está, está porque quer e tem de saber lidar, respeitar e dar-se ao respeito de todos aqueles que também lá estão porque querem viver praxe.".
Em terceiro lugar e ao contrário do que é dito, a praxe que eu vivo promove a exigência, o sentido crítico e a capacidade de recusar a tradição pela tradição. É exigida postura, é exigido respeito, é exigido orgulho pelo curso, é exigida vontade de estar. E acima de tudo, é exigida perfeição ou proximidade de tal. E é exigido, não apenas de caloiros, mas de todas as hierarquias praxistas da casa. O sentido crítico permite-nos ver e mostrar aos caloiros e uns aos outros o que está mal, o que é preciso melhorar. O sentido crítico permite-nos ser melhores. Porque se os caloiros começam o ano como pequenas amostras do que podem chegar ao fim, assim sucede com todas as hierarquias, uma vez que ninguém nasce ensinado e é preciso viver para aprender. A tradição não o é porque sim. Tem história, tem razões de ser. E existem alturas e momentos praxistas em que são passados pedaços de história de hierarquia para hierarquia.
Em quarto lugar, em praxe aprende-se mesmo muito. Já aprendi a lidar com situações muito estranhas. Já fui testada de formas que nunca me tinham passado pela cabeça. Já fiz coisas que nunca pensei ter a capacidade de poder fazer. A praxe que eu vivo, a praxe que eu aprendo, ensina realmente coisas. E ensina-nos a ser melhores, como praxistas e como pessoas normais que somos. Já aprendi coisas em praxe que me foram úteis, imagina só, no sítio onde mais abominam a praxe: a minha própria faculdade. E abominam porque não sabem, não conhecem, mas nunca deram a oportunidade de conhecer.
Em quinto lugar, sou ainda muito nova neste mundo, mas já vivi alguma praxe para te poder dizer que vivo uma praxe excelente. Já vivi praxe com Medicina, Psicologia e Direito. Já vi de longe praxe de Farmácia, Medicina Dentária, Biomédicas, Engenharia. Com o devido respeito e, essencialmente, às primeiras três, a todas digo o mesmo: "Eu não teria ficado em praxe aqui.". Mais do que ser praxista, tenho o orgulho de poder dizer que fui bem praxada e não tenciono que as gerações seguintes tenham nada de menor.
Por último e numa questão que te toca particularmente a ti, a praxe não é assim tão diferente dos escuteiros. Pelas brincadeiras, também fiz a "mousse", saltei a "pipoca", fiz o "patinho quá". Pelo que é sério, aprendi um enorme respeito ao traje, tal como tenho para com o uniforme, aprendi um espirito de união que a escola não ensina e os escuteiros já estiveram mais perto de ensinar. A praxe é rigor, talvez até na praxe que eu vivo possa considerar que às vezes é um exagero, mas os resultados existem. Já tivemos a conversa de que "os estudantes universitários, antes de o serem, foram escuteiros" e é verdade. Talvez seja esta tão grande semelhança uma das coisas que me levou a ir ficando.
Cobardia? Cobardia é usar o poder de uma capa para inflingir medo e humilhação a um caloiro. Cobardia é usar o poder da massa de preto para se sentir protegido quando se está a fazer asneira estúpida. Na praxe que eu vivo e aprendo, isto não acontece. E se estiver em vias de acontecer, os demais pertencentes a essa massa de preto certamente não estarão cegos ou apáticos que não sejam capazes de pôr um travão à pessoa em questão antes que os caloiros possam pensar que ali não se faz boa praxe.
Na qualidade de praxista da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, temos, mais que uma imagem, valores a defender. E não pretendemos abandoná-los tão depressa.
E agora te digo que tenho cada vez mais gosto de estar em praxe, porque desengane-se quem pensa que só os caloiros são praxados. A praxe é de todos para todos, há que saber é distinguir a forma como é feita e não há, por isso, uma única sessão de praxe em que não aprenda algo ou saia de lá a aperfeiçoar qualquer coisa. A praxe que eu vivo e aprendo é a escola da vida que dizem encontrarmos na faculdade, sítio onde em 2 anos e pouco de frequência, senti essa aprendizagem talvez pouco mais do que umas 2 vezes e pouca.
Mas esta é a praxe que eu vivo e aprendo. Pelas outras não me pronuncio.
Em primeiro lugar, sabes que até ao dia que entrei na faculdade não tinha disposição absolutamente nenhuma para ir à praxe. Ouvi demasiadas histórias (mantenho a minha dose de questionamento em relação à maioria, tanto para o bem como para o mal), vi demasiadas coisas. No entanto, no dia em que me fui matricular e me deparei com praxistas, dirigiram-se a mim em tom perfeitamente respeitoso e delicado, oferecendo-me toda a ajuda possível antes sequer de virarem a conversa para o que na verdade lhes interessava. "Primeiro as necessidades do possível futuro caloiro.", foi o que mais tarde me ensinaram. Não fui portanto praxada, não me mandaram pôr de quatro, olhar para o chão, não rir, etc. Falaram para mim de igual para igual, embora, devo dizer, o traje imponha sempre um pouco de respeito, porque não sabia o que poderia acontecer a seguir. Além disso, a minha praxe começou por uma sessão de esclarecimento (coisa que ou é rara ou inexistente na maior parte das casas praxistas de qualquer academia), onde se esforçaram para nos mostrar que a praxe poderia ter algo a ensinar-nos. Deixei-me ficar. Não porque estava convicta de que gostava, mas porque tinha curiosidade sobre aquele discurso vago. Também tenho limites. E te garanto que se alguma vez tivessem sido ultrapassados, teria vindo embora sem sequer pensar duas vezes. Também soube dizer não. Porque acima de tudo, se estás ali porque queres, tens de poder negar-te a fazer alguma coisa, desde que a justificação para tal seja plausível. E eu neguei-me a fazer algo que me mandaram e a pessoa que me mandou fazer acabou por admitir, perante a minha justificação, que eu tinha razão. Porque para ser bom praxista, também é preciso saber quando o outro lado tem razão. E para ser bem praxado é preciso saber levantar a voz e porquê.
Em segundo lugar, praxe não é, na minha opinião e segundo a praxe que vivi, integração coisa nenhuma. Praxe é prática, é vivência, é aprendizagem. Essa coisa de fazer amigos é a maior treta que já ouvi e continuo a ouvir. Não preciso, nunca precisei nem nunca precisarei da praxe para fazer amigos. Mas também confesso que fiz grandes amigos devido a coisas que vivi em praxe e talvez as pessoas que conheci na faculdade que mais têm importância para mim pertençam à praxe. Coincidência? Talvez não. E não me admira: já vivi muita coisa em praxe que seria um pouco difícil de viver fora de praxe. Aliás, o discurso da praxe que eu vivo passa por "A praxe não é para fazer amigos, quem está, está porque quer e tem de saber lidar, respeitar e dar-se ao respeito de todos aqueles que também lá estão porque querem viver praxe.".
Em terceiro lugar e ao contrário do que é dito, a praxe que eu vivo promove a exigência, o sentido crítico e a capacidade de recusar a tradição pela tradição. É exigida postura, é exigido respeito, é exigido orgulho pelo curso, é exigida vontade de estar. E acima de tudo, é exigida perfeição ou proximidade de tal. E é exigido, não apenas de caloiros, mas de todas as hierarquias praxistas da casa. O sentido crítico permite-nos ver e mostrar aos caloiros e uns aos outros o que está mal, o que é preciso melhorar. O sentido crítico permite-nos ser melhores. Porque se os caloiros começam o ano como pequenas amostras do que podem chegar ao fim, assim sucede com todas as hierarquias, uma vez que ninguém nasce ensinado e é preciso viver para aprender. A tradição não o é porque sim. Tem história, tem razões de ser. E existem alturas e momentos praxistas em que são passados pedaços de história de hierarquia para hierarquia.
Em quarto lugar, em praxe aprende-se mesmo muito. Já aprendi a lidar com situações muito estranhas. Já fui testada de formas que nunca me tinham passado pela cabeça. Já fiz coisas que nunca pensei ter a capacidade de poder fazer. A praxe que eu vivo, a praxe que eu aprendo, ensina realmente coisas. E ensina-nos a ser melhores, como praxistas e como pessoas normais que somos. Já aprendi coisas em praxe que me foram úteis, imagina só, no sítio onde mais abominam a praxe: a minha própria faculdade. E abominam porque não sabem, não conhecem, mas nunca deram a oportunidade de conhecer.
Em quinto lugar, sou ainda muito nova neste mundo, mas já vivi alguma praxe para te poder dizer que vivo uma praxe excelente. Já vivi praxe com Medicina, Psicologia e Direito. Já vi de longe praxe de Farmácia, Medicina Dentária, Biomédicas, Engenharia. Com o devido respeito e, essencialmente, às primeiras três, a todas digo o mesmo: "Eu não teria ficado em praxe aqui.". Mais do que ser praxista, tenho o orgulho de poder dizer que fui bem praxada e não tenciono que as gerações seguintes tenham nada de menor.
Por último e numa questão que te toca particularmente a ti, a praxe não é assim tão diferente dos escuteiros. Pelas brincadeiras, também fiz a "mousse", saltei a "pipoca", fiz o "patinho quá". Pelo que é sério, aprendi um enorme respeito ao traje, tal como tenho para com o uniforme, aprendi um espirito de união que a escola não ensina e os escuteiros já estiveram mais perto de ensinar. A praxe é rigor, talvez até na praxe que eu vivo possa considerar que às vezes é um exagero, mas os resultados existem. Já tivemos a conversa de que "os estudantes universitários, antes de o serem, foram escuteiros" e é verdade. Talvez seja esta tão grande semelhança uma das coisas que me levou a ir ficando.
Cobardia? Cobardia é usar o poder de uma capa para inflingir medo e humilhação a um caloiro. Cobardia é usar o poder da massa de preto para se sentir protegido quando se está a fazer asneira estúpida. Na praxe que eu vivo e aprendo, isto não acontece. E se estiver em vias de acontecer, os demais pertencentes a essa massa de preto certamente não estarão cegos ou apáticos que não sejam capazes de pôr um travão à pessoa em questão antes que os caloiros possam pensar que ali não se faz boa praxe.
Na qualidade de praxista da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, temos, mais que uma imagem, valores a defender. E não pretendemos abandoná-los tão depressa.
E agora te digo que tenho cada vez mais gosto de estar em praxe, porque desengane-se quem pensa que só os caloiros são praxados. A praxe é de todos para todos, há que saber é distinguir a forma como é feita e não há, por isso, uma única sessão de praxe em que não aprenda algo ou saia de lá a aperfeiçoar qualquer coisa. A praxe que eu vivo e aprendo é a escola da vida que dizem encontrarmos na faculdade, sítio onde em 2 anos e pouco de frequência, senti essa aprendizagem talvez pouco mais do que umas 2 vezes e pouca.
Mas esta é a praxe que eu vivo e aprendo. Pelas outras não me pronuncio.
quarta-feira, outubro 19, 2011
Silêncio. Precisas de paz. Finges que o mundo à tua volta respeita o teu tempo. Contas os grãos de areia que do mar se alevantam, parecendo mais e maiores. São muitos. Somos nós. Mas desfazem-se com o tempo que o mundo não te deu. Nem o vento os transporta, nem tu és capaz de ler neles os teus momentos de felicidade. Foste perda apática de uma parte de ti. Reconheces a existência do vazio, mas não sabes o que lá falta, porque, na verdade, nunca lá esteve. Desconfias a tua própria realidade, o teu espírito, tudo e qualquer coisa que os outros vejam em ti. "Como?", perguntas-te, "como?". Como foi que chegaste aqui, que foste parte de um mundo que ainda não ruiu pelos seus despojos adentro? Ele até cai... mas o tempo, esse mesmo tempo que nunca te deu os bons dias ou te entregou um sorriso em correio azul, é tão lento, tão compassadamente acompanhado pela doença do sono da qual padeces, que nem te dás conta. Vives encontrando perto de ti o som desse algo a que outrora chamaram música. Melodias hipnóticas, malditas! Gravam-se em ti como se de si dependesse a tua vida. E quanto mais lutas, mais se agarram, porque sabem-se encantadoras, maravilhosamente dotadas de um feitiço que há muito te foi negado, essa calma utópica que tanto desejaste e que reconheces de algum recanto perdido da tua memória. Os poetas do mundo nunca te deixaram. Se viraste costas, ninguém te julga. Acolher-te-ão de braço abertos. Ainda assim não somos carnífices. Esses desejos mal encarados foram alimentando corvos, não nós. O cabelo, escondeste-o. Não fosse o nervosismo tomar conta da tua força, era preciso não perder cabelo. O lenço pende mostrando as pontas espigadas como peixes que saltam aleatoriamente sobre o infinito sem mar. Há sempre um lenço que te traz de volta a casa. Há sempre um sorriso que te faz querer viver. Há sempre um olhar que te faz ser melhor. Um sorriso que te pede amizade. Há sempre um pouco de tudo..
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