Perdoe-se as lágrimas
de tão sádica alegria,
que nem sempre a saudade
parte de saber que tamanha ignorância
é fruto de não ter sabedoria.
Reconhece-me a distância,
não me culpes de espontânea existência
do que ainda não sei saber.
Procurei querer
que a vontade de perceber
fosse mais e maior
que esse desejo de liberdade
que desponta negro fulgor.
Perdi-me em ruas que bem conhecia,
impulsionada por esse doce risco
de me olhares e não me veres,
de me sentir de alma despida
sem nada ter para a agarrar.
Errei ao pedir que quisesses,
erraste ao pensar que queria
e ambos erramos ao querer que pensar
fosse já pedir e conquistar.
Voltei a não me encontrar,
a perder-te à minha frente
e a pensar que, tão de repente,
ter-me ia deslocado
desse beco desterrado
em que te fazia esperar.
Orientei-me pela corda
que o pé me prendia,
fazendo nós e me levando
em direcções que não conhecia.
Segredo de seres quem sou,
alma de sorriso, mente de perdido,
corpo não mais entendido.
E tal, por sequente entendi,
era sentimento sem abrigo
de perfeito protegido
da minha personalidade fugidia
que me perde e me faz voltar
a ser poeta sem lugar.
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