Parte de mim olha para ti e... deseja-te. Um impulso irracional que se gera sob a forma de pensamento, um pensamento incompreensível que me aflige sob a forma de sentimento, um sentimento forte que se cravou na minha alma. Parte de mim recorda-te em toda a alegria do teu ser que contagia também o meu. És-me uma alegria constante que injecta na minha alma um estado de felicidade intransmissível. Parte de mim fica feliz por te ver, por te olhar, por ser obstáculo no teu caminho, que, assim, me cruzas. Parte de mim abre a mão ao desejo de estar sempre perto de ti, de te ter sempre por perto. Torna-se quase sufocante à tua sombra, a ti, ao teu ser, eu sei. Parte de mim tem sempre um pretexto para te procurar. Quando verdadeiramente o deve, encontra-te. Parte de mim está ardentemente apaixonada por ti...
A outra parte? A outra parte precisa de se libertar. De se afastar, para menter intacta esta amizade. A outra parte duvida que a nossa amizade alguma vez tenha sido mais do que fruto da minha paixão e da tua compreensão. Que a nossa amizade alguma vez o tenha sido, com sinceridade, confiança, lealdade. A outra parte deseja afastar-se cada vez que te vê, porque está cansada de ver a minha alma atirada ao chão, sem piedade. A outra parte olha-te e quer a todo o custo ver apenas a amizade e fortalecê-la, porque ainda espera essa verdadeira amizade, com tudo o que uma verdadeira amizade necessita. A outra parte é dolorosamente magoada cada vez que te vejo, que te olho, que sou um obstáculo no teu caminho, sentindo-me apenas isso - um obstáculo no teu caminho. A outra parte deseja ultrapassar, já que esquecer não é a palavra mais correcta...
Mas isto é hoje. Isto são duas partes de mim em confronto, hoje, no agora. Amanhã, a dúvida do futuro prevalecerá para o dia seguinte, tornando-se clara apenas para o presente agora. Amanhã, o talvez terá novo sentido, como teve hoje, ontem, há alguns dias, no passado. Mas estará lá sempre.
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