terça-feira, janeiro 26, 2010

Noite escura.
O silêncio, quase perturbado
por aqueles pés descalços,
caminhando, lentos, num descompasso
compassado.
Uma respiração acelerada
de ansiedade incontrolada.
Na mão, seguro, o lenço que outrora
lhe envolvera o pescoço,
preso pela ponta,
perdendo-se no rasto dessa hora,
vazia de gente,
luz e pensamento.
Só se aviva o sentimento
de que algo se diz ter vivido,
num inconstante segundo de perigo.
Acalma-se agora aquele pulsar de veias.
Levanta a cabeça
para a inexistente luz do céu desLuado,
perdendo-se no hipnótico azul
que deixa viajar um olhar, assombrado
pelo medo de ter sido deixado:
sem uma palavra, um olhar, um nada.
Sem simplesmente dar como acabada
aquela alguma coisa que os mantinha,
aquela alguma coisa que os detinha
do desejo de fugir
e não mais voltar a resistir.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Indignos

Apesar da monstruosa quantidade de trabalho, não pude deixar de passar por aqui para expor isto:
Como todos sabem eu adoro falar de política, mas hoje não deu para me conter mesmo.
Ora estava eu a almoçar muito apressadamente, a ouvir as 'Tardes da Júlia' (sim, eu ouço isso enquanto estou a almoçar) e o tema em debate era a pobreza de casais jovens.
Acontece que um certo deputado do PS, chamado Ricardo Gonçalves, estava presente e no âmbito da conversa em que se dizia que os políticos têm palas nos olhos, saiu-se com esta maravilhosa frase que passo a citar, com engasgos e tudo:
'Se os políticos têm palas nos olhos, bem.. os políticos são os representantes do povo, logo se os políticos têm palas nos olhos, o povo também tem...'
Ora nota-se perfeitamente que o Sr. deputado Ricardo Gonçalves, para além de ter palas nos olhos como político, tem palas nos olhos como cidadão, porque existe para aí muito boa gente com ideias diferentes dos políticos (a sério que não é preciso procurar muito) e não há maneira de darmos a volta a este país, porque pessoas como este Sr. deputado acham que não há ninguém capaz de dar a volta.
E são estes políticos dignos de serem chamados 'representantes do povo'?

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Revisão do que passou

Já tardava, eu sei, afinal, 2010 já começou há uma semana...
Ora bem, 2009... definitivamente um ano brutal (e bruto também xD). Foi talvez um dos anos com momentos mais marcantes, bons e maus, com surpresas e desilusões, tristezas e alegrias, choques, vitórias com sabor amargo, derrotas com um toque doce, cansaço, dor, mas também muita alegria, amizade e grandes provas disso, paciência, coragem (ou idiotice), força de vontade e falta dela, experiências de todo o tipo...
Mas afinal tudo (ou talvez quase tudo) é motivo de vivência, porque o que é bom torna-nos a vida alegre, o que é óptimo torna-nos a vida espectacular, o que é mau serve para tirar uma lição positiva.
E se foi este ano que a escola deu comigo em doida, foi também o ano em que me superei no caminho, mesmo que a meta me tenha escapado por escassos centímetros. Mas sem stress, a faculdade definitavemente já ultrapassou em 3 ou 4 meses a pressão que a escola me conseguiu impor em 12 anos. Quanto aos sentimentos, foi um ano que deu para tudo e bem, nós aprendemos com o que acontece, não é? E, se tive experiências bem... alternativas vá, muita coisa também me surpreendeu. Deu para tudo, conheci pessoas bem avariadas, meti em coisas que, segundo me dizem, não faz bem o meu estilo e dei-me bem e também procedi às minhas rotinas e não quer dizer que tenham corrido na perfeição.
Mas aquilo que me desvastou mesmo aconteceu quase a acabar o ano. Naquele que é suposto ser o momento mais mágico destes loucos 365 dias (hmm... oi? sim, não é ano bissexto xD). Não, não descobri que o Pai Natal não existe. Bom, e mesmo não existindo pensem na alegria que espalha por ser apenas um mito. O problema foi mesmo o Natal. Além de todo aquele consumismo, é uma altura de reunião, de família, de alegria, de honestidade e compreensão. O meu Natal perdeu toda a magia e restou apenas o consumismo. Tenho pena. Mesmo muita pena. Nunca acreditei no Pai Natal, mas sempre acreditei na cena da família feliz. Na minha família feliz. E já andando tremida, não tinha chegado a este ponto. Afinal, era tudo mentira. Não passa de um conjunto de pessoas unidas pelo sangue que comem à mesma mesa, fingindo serem amigas, quando fazem tudo para se f****** umas às outras por trás. Sim, eu sei que não me costumo preocupar com o vocabulário, mas a questão é que até a mim me choca usar tal palavra. No fundo é uma família de hipócritas. Bem preferia acreditar no Pai Natal e descobrir agora que ele afinal não existe. Só espero que um dia esta 3ª geração da qual faço parte não chegue a isto. Hoje somos unidos, e que assim sempre continue.
Ano Novo? Sim, foi a loucura. Talvez até demais. Mas o que lá vai, lá vai, nada posso fazer agora para mudar isso. Obrigada amigos, obrigada primos e obrigada amigos de primos que espero um dia considerar também meus amigos.
E venha 2010 cheio de tudo e melhor que 2009!